sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Depressões de fim de ano - parte 1



   O direito de ir e de vir
    Alguns amigos leitores do blog estão me perguntando o motivo de não estar mais postando com frequência. Não estou em uma fase boa, vou tentar explicar um pouco neste e no próximo post tudo o que vem me ocorrendo nos últimos dias.
    Novembro de 2014, Belo Horizonte. Ainda estava nas minhas andanças, sem um local fixo para morar: ora na minha barraca, ora dando um tempo e descansando as canelas em um abrigo qualquer.
    Estava indo em direção ao parque ecológico que fica próximo ao abrigo onde estava, pois era lá onde passava a maior parte dos dias, ouvindo o canto dos pássaros na companhia do "Chimbinha" e outros cachorros que moravam naquele lugar.
     Quando estava quase chegando no lago do parque, tive o azar de bater fortemente o dedão do pé esquerdo na raiz de uma árvore. Doeu um bocado e o local ficou bastante inchado. Ir na UPA nem cogitei, pois mal atendem quem está quase morrendo, e irão atender um cara que está com o dedão do pé inchado?
meu amigo Chimbinha que sempre me esperava no parque... 
    A solução, como sempre nessas situações, foi esperar que o senhor "tempo" curasse mais essa lesão que tive. Médico particular nem pensar e sonhar...
    Mas as semanas foram passando e nada de melhorar. O jeito foi marcar uma consulta com o clínico geral, já que que de dois em dois meses tenho que pegar o "o pan nosso de cada dia" mesmo.
    No dia marcado, lá estava eu para a consulta. Relatei a situação para o médico que, sem ao menos examinar o meu dedão, recomendou apenas que eu passasse água morna no local. Não sou de fazer manha, como jogador de futebol, que cai, faz o maior teatro, sai de campo, ai o médico joga uma água milagrosa e o cara já está pronta para outra. Se me dei ao trabalho de ir ao médico por causa de uma lesão, é por que a situação está complicada mesmo. Não gosto do ambiente dos postos de saúde, e nem de hospitais.
   E confesso que fiquei com muita raiva daquele médico, se fosse um problema simples não estaria me queixando da dificuldade de andar. Mas não externei essa raiva. E como é ruim isso!!! São poucas as situações que me deixam nervoso, parece que sinto que algo no estômago quando fico nervoso. Ainda bem que geralmente sou calmo, pois poderia ter gastrite, úlcera ou essas doenças psicossomáticas.
    O jeito foi esperar o tempo sanar essa dor. E, para piorar ainda mais a situação, tinha que carregar a mochila nas costas que na época estava pesando cerca de 11kg...
tornozelo detonado no litoral do Espírito Santo...
    Tive um problema sério no tendão de aquiles durante a minha primeira andança, o "Caminho do Padre Anchieta". Estava em Barra do Jucu, curtindo uma praia, quando de repente bati o calcanhar em uma pedra que estava no fundo do mar. O local ficou bastante inchado, e também não cogitei ir para a UPA, para não passar raiva, apesar de não conhecer o atendimento no estado do Espírito Santo. Mas creio que não deva ser melhor do que em Minas Gerais...
Fiz o restante da caminhada a pé e mancando mesmo. Na parte da manhã doía um bocado, parecia um daqueles zumbis se arrastando no clipe da música Thriller, do Michael Jackson. Já na parte da tarde, a dor diminuía um pouco e a caminhada rendia mais.
   Depois da viagem procurei um médico, pois a dor não cessava. Foi "pré" agendada uma consulta com um ortopedista para olhar a situação do meu tendão de aquiles. Isso depois de insistir muito, pois a atendente afirmou que não era preciso e que bastava tomar anti-inflamatórios. Disse para ela que já estava tomando há bastante tempo e que não poderia passar o resto de minha vida tomando esse tipo de medicamento, pois poderia comprometer o fígado. Ela ainda teve a coragem de afirmar que não havia problema algum em fazer isso... Não é à toa que o pessoal do sus coloca nas paredes dos postos de saúde um panfleto afirmando que desacatar funcionário público é crime... Concordo que seja crime, mas alguns funcionários parecem abusar dessa situação de estabilidade no trabalho e fazem de tudo para nos enervar, chegando a ser um verdadeiro exercício de paciência ir em alguns postos de saúde e nas UPAs.  O pré agendamento foi feito no ano de 2012 e até hoje não me chamaram. Cerca de oito meses depois, as dores sumiram por completo, mas fiquei um bom tempo mancando.
     Infelizmente esse problema no dedão do pé parece ser mais complicado. Fui em um outro posto de saúde e o médico foi bem mais atencioso do que o primeiro e solicitou um raio x, que demorou "apenas" cinco meses para sair. Não tinha nenhum osso trincado ou quebrado, as estruturas ósseas estão preservadas, foi apenas uma redução dos espaços articulares interfalageanos (isso eu copiei do resultado, o meu vocabulário não chega a tanto shasuahsuashauhs). Mas essa pequena redução foi em um local complicado, o dedão do pé esquerdo, e estou sem a perna de apoio.
    Confesso que estou receoso e com um pouco de medo. Pouco de medo não, estou com um medo enorme de não poder fazer algo que sempre gostei de fazer, que é sair andando por ai, meio sem destino, desfrutando de algo que para mim não tem valor, que é a liberdade. A liberdade de ir e de vir, de ser o que sou, sem medo dos que acham que a normalidade é o certo e pronto.
    A dor não é muito forte, mas me impede de andar normalmente, e tenho que andar meio com a parte externa do pé esquerdo, e isso causa um desgaste nas outras articulações do pé. Consegui marcar a consulta com o médico, que provavelmente me encaminhará para a fisioterapia ou ortopedia, sei lá... Essa consulta só consegui por que cheguei a implorar, e dizer que estava sofrendo há muito tempo, pois, por causa da greve, os pedidos de consulta acumularam e a consulta iria demorar meses para ser marcada. A atendente foi muito legal comigo. Não sou só de reclamar, quando vejo que foram atenciosos comigo, eu também relato aqui, mas, infelizmente, os "casos de descasos" na saúde pública são em maior número do que os atendimentos de qualidade...
    Ai me pergunto: quanto tempo que essa consulta irá demorar? Vai ser como a outra, que foi "pré" agendada e até hoje não me chamaram? Será que vou ter que dar mais um "piti" para ser atendido? Já não basta o desgaste que tenho para tentar um atendimento digno na área da saúde mental? Só quero ter o direito de ir e vir novamente, que me ajudem a resolver este problema. Já pesquisei no google e não achei nada sobre "redução dos espaços articulares interfalageanos" para tentar algum tratamento aqui em casa. Talvez seja uma inflamação, uma tendinite, sei lá... Só sei que vou te que esperar e esperar e ter muita paciência. Já tentei uma universidade, mas lá atende só com encaminhamento do posto de saúde. Ou seja, tenho que esperar do mesmo jeito...

    Esse é um dos motivos para o meu desânimo atual. Mais de um ano para pegar um raio x para tentar começar o tratamento. E se esse tempo que estou andando com esse problema não agravou ainda mais a lesão? Pior do que a dor são essas dúvidas... Serei atendido realmente? Ou irão apenas anotar o meu telefone, como da primeira vez? Desta vez senti que fui um pouco melhor atendido, pelo fato de estar sem a mochila e melhor vestido. Mas será que vou ter que passar o resto da minha vida convivendo com esse problema? Ou será que o tratamento é fácil e rápido? Ficar com os movimentos limitados nem me passa pela minha cabeça, deve ser uma das piores coisas que se pode acontecer com uma pessoa.
    Ainda quero fazer os dois caminhos que faltam para completar a estrada real, estou com saudades das estradas de terra, das montanhas de Minas Gerais e de sentir aquele cheiro de mato e ouvir o barulho das cachoeiras. Não consigo nem imaginar ouvir do médico que esse problema não tem solução, caminhar para mim é uma necessidade. Se o problema fosse em um dos dedos da mão, daria para aguentar numa boa, Mas essa pequena redução no espaço articular interfalageano está reduzindo  a minha alegria de viver. É algo simples, mas localizado em um lugar estratégico, onde temos que nos apoiar para caminhar. E a vida, para mim, é um caminho, em todos os sentidos...

Dica televisiva do esquizo
Filme: Meu nome é rádio
Sinopse: Anderson, Carolina do Sul, 1976, na escola secundária T. L. Hanna. Harold Jones (Ed Harris) é o treinador local de futebol americano, que fica tão envolvido em preparar o time que raramente passa algum tempo com sua filha, Mary Helen (Sarah Drew), ou sua esposa, Linda (Debra Winger). Jones conhece um jovem "lento", James Robert Kennedy (Cuba Gooding Jr.), mas Jones nem ninguém sabia o nome dele, pois ele não falava e só perambulava em volta do campo de treinamento. Jones se preocupa com o jovem quando alguns dos jogadores da equipe fazem uma "brincadeira" de péssimo gosto, que deixou James apavorado. Tentando compensar o que tinham feito com o jovem, Jones o coloca sob sua proteção, além de lhe dar uma ocupação. Como ainda não sabia o nome dele e pelo fato dele gostar de rádios, passou a se chamá-lo de Radio. Mas ninguém sabia que, pelo menos em parte, a razão da preocupação de Jones é que tentava não repetir uma omissão que cometera, quando era um garoto.

    Estão acabando com os sites de filmes online
    Infelizmente não vou postar o link para assistir o filme acima indicado. A polícia federal está fechando alguns sites que disponibilizam os filmes. Parece que esse pessoal não tem coisa mais séria para cuidar, que o país está uma maravilha, que em Brasília só tem políticos honestos, etc...
   A população não tem dinheiro para ficar pagando netflix, tv a cabo e outras opções para um bom entretenimento. Os canais abertos são como serra pelada, ou seja, temos que garimpar através do controle remoto algo assistível...
   E o engraçado é que isso aconteceu depois que passei a comentar sobre esses sites aqui no blog, sobre a maravilha da invenção do cabo HDMI e de recomendar a série "PSI". E isso aumenta um pouco a minha mania de perseguição. Será que a PF está de olho no meu blog? sahsuahsuashaushas
Mas é fato que, antes de comentar aqui no blog, era bem mais fácil de achar os filmes que eu andava procurando. Agora tenho que garimpar também nos sites, pois parece que os donos das páginas estão retirando os filmes do ar ou então está havendo um outro tipo de problema. Mas, deixa para lá, eu é que não vou ficar vendo certos programas na tv aberta, prefiro assistir filmes antigos no youtube, e até filmes nacionais, artesanais mesmo, feitos na raça, com pouco investimento, apenas com uma câmera e mais nada. Estou assistindo um monte, um dos que mais me agradaram foi "Os herdeiros da Catifunda". O áudio não é dos melhores, mas hoje em dia qualquer câmera grava em HD e dá para assistir esses filmes artesanais, onde prevalecem a criatividade e o improviso. Não sou de dar uma de intelectual, gosto de coisas simples também, e das complicadas. Mas esses filmes nos fazem viajar pelo Brasil, sentir um pouco a cultura dos estados e regiões desse país de dimensões continentais.
Quem quiser experimentar, ai está o link do filme.  No youtube tem vários do gênero, com o tempo irei postando aqui no blog.
https://www.youtube.com/watch?v=cMn6JmLedPo

Acima o diretor do filme comentando como foi o processo da produção desse filme. Prefiro assistir "Os herdeiros da Catifunda" do que alguns programas da tv aberta... E o pior é que isso não é uma brincadeira...

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Valeriana

   
                               
A minha curta relação com a "Valéria"...
    
     Vamos neste post contar mais uma tentativa de me livrar do vício mais viciante que já conheci, em toda a minha vida, depois do chocolate, é claro:  o diazepan.
    O psiquiatra não pensou duas vezes na hora de preencher a receita com a indicação do lorazepan, ao ouvir as minhas queixas sobre as noites mal dormidas que estava tendo. 
    Ele não me fez nenhuma pergunta, nenhuma ressalva, nada. Em menos de um minuto, a receita estava em minhas mãos. Saí super feliz do consultório, com a certeza de que todos os meus problemas relacionados ao sono estariam resolvidos de uma vez por todas. 
   Era o ano de 2003 e havia acabado de sair do meu primeiro surto psicótico grave. Para mim, naquela época, aquele comprimidos eram milagrosos e fariam com que eu dormisse o sono dos justos
    Saí do consultório direto para a farmácia do posto de saúde para pegar os medicamentos. Não recebi nenhuma bula, somente as cartelas. E o psiquiatra, como já relatei, não fez nenhum tipo de alerta sobre uma possível e até provável dependência física e psicológica que este medicamento poderia causar
    No início achava bom tomar aqueles comprimidinhos brancos. Dava uma relaxada na musculatura, me fazia sim esquecer um pouco dos problemas do mundo, ficava com os olhos meio cerrados, parecendo que estava drogado (e realmente estava!). Enfim, até que ajudava um pouco a conciliar o sono, mas naquela época eu não precisava tanto, o sono até que era de qualidade média, não acordava detonado como costumo acordar atualmente. 
   Mas, com o passar do tempo, a "droga" não estava mais fazendo efeito e tive que aumentar a dose. Mudei de cidade e também de medicamento, o diazepan, mas que também é da mesma família. Existem cerca de doze comprimidos da família dos diazepínicos, que tem o mesmo efeito sedativo, a diferença é quase nenhuma entre eles. 
    Com o uso desses medicamentos, até que conseguia às vezes dormir por um bom período de tempo, mas acordava cansado com a sensação de que não havia descansado o suficiente. Nesses 13 anos de dependência do pan nosso de cada dia, consegui raríssimas vezes dormir sem a ajuda desses medicamentos. Foi meio sem querer, me lembro que dormi duas vezes assistindo os jogos da seleção brasileira, quando a mesma era dirigida pelo técnico mano menezes. Era um desses amistosos caça níquel contra seleções de pouquíssima expressão no cenário futebolístico mundial. E a "pelada" estava tão ruim que peguei no sono sem ao menos pensar no diazepan. Há poucos dias atrás cheguei a dormir sem medicamentos ao assistir um filme não muito bom. Esses filmes antigos, só com os diálogos, sem trilha sonora, sem os efeitos sonoros das cenas de ação, são um pouco entediantes mesmo. 
     E todas as vezes que dormi sem a ajuda dos medicamentos acordei muito mais disposto e com as energias renovadas. O meu humor matinal, que prefiro chamar estado de ânimo estava ótimo, mesmo sem comer chocolate ou tomar um bom banho. Então, com propriedade, posso afirmar que mais vale duas horas de sono natural do que oito horas à base de remédios.
    Como o diazepan já não estava mais fazendo efeito, cheguei a experimentar por uma noite um medicamento chamado levozine. Esse é tiro e queda, apaga mesmo, o problema é conseguir levantar as oito horas da manhã no dia seguinte... Me deu uma vontade de ir ao banheiro de madrugada, e o corredor ficou estreito demais, saí trombando em tudo que via pela frente. Caso resolvam experimentar o levozine, recomendo que deixem um pinico debaixo da cama....
     Mas o pior de tudo era a ressaca mesmo, que só começava a diminuir por volta da uma hora da tarde, e, como tinha que ter ânimo para ir ao restaurante popular para me alimentar, tive que parar com esse medicamento logo na primeira noite de tentativa. 
    A minha memória recente parece estar indo para o brejo. Esqueço nomes e fatos que me foram apresentados no dia anterior. O engraçado é que a memória dos fatos anteriores ao uso do diazepan parecem preservados, só esquecendo mesmo por causa do tempo. Tanto que consegui lembrar de detalhes sobre o que aconteceu comigo durante os meus surtos psicóticos e consegui assim escrever o livro Mente Dividida. Muitas pessoas imaginam que não conseguimos nos lembrar dos fatos ocorridos durante as crises. Não é bem assim, durante os surtos ficamos fora da realidade, e não desmemoriados. Poucos amigos portadores relataram comigo esquecerem do que ocorria durante as crises. 
     A solução que encontrei então foi diminuir a dose do "pan nosso de cada dia". De 20mg pulei para 10mg e, depois, com muita dificuldade, consegui diminuir para 5mg. Mas, parar de vez, que é bom, ainda não consegui. É uma dependência muito forte, tanto física como psicológica, não sei dizer qual é a mais difícil de se livrar. Talvez até consiga dormir misturando comprimidos de farinha (placebo) no meio dos comprimidos de diazepan. Às vezes chego a esquecer de tomar, mas o meu organismo não, e logo me lembro de tomar a pílula "mágica" quando fico me revirando na cama. 

A valeriana
    Pesquisando em vários sites, descobri que o uso prolongado de diazepínicos poderia causar demência, mal de alzheimer, entre outras doenças neurológicas. Fiquei preocupado, e então resolvi tentar a famosa e tão falada valeriana. 
    Comprei um frasco com 60 cápsulas por 26 reais em uma farmácia de manipulação. Tomei pela primeira vez na parte da tarde, para poder avaliar melhor o efeito, que foi uma leve ação sedativa, ideal para o dia mesmo, em casos de agitação e ansiedade, mas que não sei se adiantam muito para as pessoas que já estão viciadas nesses pans da vida. 
    Já de noite, ao dormir, a valeriana não teve nenhuma eficácia, cheguei a tomar dois comprimidos, sem sucesso. O jeito foi recorrer ao velho diazepan mesmo. No dia seguinte, tomei um novamente na parte da tarde, e depois fui fazer exercícios físicos. De repente comecei a sentir muita coceira e irritação nas costas, nos braços e no peito. Parecia urticária e a minha pele ficou avermelhada. A irritação aumentou e a coceira deu lugar a uma queimação muito forte pelo corpo, uma sensação muito irritante mesmo. 
    Consultei então o "Dr. Google" e, para minha surpresa, a valeriana pode causar reações adversas, dentre elas a dermatite de contato. Essa dermatite, como o próprio nome já diz, é como se fosse uma reação alérgica do seu corpo nas áreas onde ele teve contato com algum objeto ou superfície. É uma sensação muito irritante, como de uma urticária, só que bem mais forte, já que depois de um certo ponto essa urticária vira uma queimação na pele. Não posso afirmar que esses comprimidos sejam 100% naturais. Talvez o chá da planta não cause esse tipo de alergia. E também é bom ressaltar que não é por que essa reação aconteceu comigo é que irá acontecer com todos que experimentarem. 
     Creio que quem já está viciado nos pans da vida dificilmente irá encontrar na valeriana a solução para a ansiedade e insônia e outras neuroses que nos assolam. Mas também não quero desmotivar ninguém a tentar, pois não podemos desistir. Quem sabe alguém consegue um alívio com a "Valéria"? Acho um pouco difícil, mas não custa tentar. Uma boa dieta, com poucos alimentos excitantes (café e chocolate), exercícios físicos juntamente com a valeriana podem ser uma boa solução para algumas pessoas. Quem tem espaço em casa ou até mesmo no apartamento pode improvisar uma pequena horta, com plantas que ajudam a relaxar e assim pegar no sono. Me lembro quando tomava chá de erva cidreira antes de dormir me sentia muito bem. Isso acontecei quando me internei em uma clínica para pessoas que querem se livrar do álcool e das drogas. Mas não tenho esse tipo de problema, na época queria mesmo era me livrar do chocolate mesmo, que além de me engordar, me fazia gastar dinheiro em demasia. 

     Vejo em alguns grupos do facebook sobre transtornos mentais os próprios usuários falarem maravilhas desses medicamentos, principalmente do rivotril. Uma pessoa entra no grupo, pergunta sobre uma solução para uma ansiedade, por exemplo, e vários membros fazem comentários, praticamente receitando o rivotril contra todos esses males. 
     Não devemos desistir dos tratamentos alternativos, talvez até cheguem a funcionar como placebo mesmo. A nossa mente é capaz de coisas incríveis, e não duvido que também possa ser capaz de algumas curas. Se botamos em nossa mente que aquela erva ou planta irá nos curar, e se tivermos pensamento positivo, talvez isso influencie nosso organismo para uma possível melhora em diversas enfermidades. Na própria bula dos medicamentos são relatadas melhoras durante as experiências com o uso de placebos. 
    Talvez os medicamentos naturais, chás, ervas, devessem ser a primeira alternativa dada pelos médicos, em casos de insônia, nervosismo, ansiedade, etc. Sinceramente não sei o motivo, pelos quais os médicos receitam com uma facilidade enorme os pans da vida, já nos mandando logo na primeira consulta para o mundo dos diazepínicos. Um mundo onde não se tem a passagem de volta, ou se tem, é por uma trilha bem difícil de ser acessada e percorrida...


Yes we can!!!
    E por falar em alternativas naturais, abaixo estão os meus dois últimos exames de sangue para detectar as taxas de triglicerídeos no sangue. Notem que no penúltimo exame as taxas estavam se aproximando dos perigosíssimos 500mg!!! O médico, ao ver o resultado, já ia pegar a caneta para, provavelmente me receitar a "droga" da sinvastatina, que detona o nosso fígado, dentre outros malefícios que nos causam se for usado por um tempo prolongado.
    Mas, antes que ele pegasse o receituário, disse para ele que não seria necessário e que, com o uso do ômega 3 e uma moderação no consumo das gorduras, principalmente as trans, os níveis iriam voltar ao normal. E ai está: 253mg!!! Falta ainda um pouco para se chegar ao ideal, mas com força de vontade chegarei lá. Infelizmente não estou podendo correr e fazer exercícios físicos pesados, estou há um ano com um problema no dedão do pé esquerdo, que é o pé de apoio e por isso não consigo correr sem sentir dor. Às vezes chego a jogar um futebol, a dor parece que diminui um pouco na hora, mas depois volta com mais intensidade. No próximo dia 16 finalmente irei fazer um raio x pelo sus... O primeiro médico que consultei apenas me pedia para passar água morna, sem ao menos dar uma examinada no meu pé, e olha que não tenho chulé... Fui para um segundo médico, que foi mais atencioso, e pediu um raio x, que depois de cinco meses acabou saindo. Agora vamos esperar quanto tempo que ainda irá demorar até começar a me tratar... E tem gente que ainda que acha o serviço do sus eficiente... 
    
se depender de mim, os laboratórios fabricantes da sinvastatina irão falir...
    Creio que a função de um bom médico não seja apenas e basicamente preencher receituários, e sim cuidar da saúde de seus pacientes, e isso inclui orientação e informação para se obter uma boa qualidade de vida para que o problema que o levou ao posto de saúde não ocorra novamente. Sei que tenho um pouco de mania de médico ( e de louco também?) e também tenho acesso a informações pela internet, além de ser muito curioso. Isso ajuda a evitar certos problemas. Mas e quem não tem nada de médico e acesso à internet e não é curioso? Vai ficar sedentário, ingerindo gorduras perigosas em excesso e tomar sinvastatina pelo resto de suas vidas?
    Algo parecido ocorre com a esquizofrenia: os psiquiatras geralmente preenchem o receituário e pronto. Às vezes menos de dez minutos são suficientes para descobrir o que nos aflige. Nós, os portadores, temos que nos cuidar melhor, tanto física como mentalmente e psicologicamente, pois não tem como estarmos bem se não estivermos ok tanto na parte mental como física. Devemos procurar a informação, bons hábitos de vida, questionar o psiquiatra sobre o uso dos medicamentos, se estão na dose certa caso não estejamos nos sentindo bem.  Dessa maneira, podemos um dia achar uma melhor forma de se lidar com a esquizofrenia sem ter que nos entupirmos de antipsicóticos e de remédios que ajudam a diminuir os efeitos colaterais destes. Talvez algumas pessoas não gostem dessa possibilidade, pois, do jeito que as coisas estão, muita gente está ganhando com a esquizofrenia, menos os pacientes... 


PSI
    Dica de entretenimento televisivo do esquizo:
    Estava esses dias à procura de algo interessante para assistir na TV, e me deparei com essa série, chamada PSI. Como sou fascinado pela psicologia e afins, não hesitei em clicar no link e assistir.
    Psi conta a história do cotidiano de uma cidade cheia de transtornados, como é São Paulo ou outra grande megalópole do mundo. Conta casos que não são muito comuns, mas que podem estar acontecendo ao nosso lado, com o nosso melhor amigo, com o vizinho ou até mesmo com nossos parentes. São histórias que valem a pena serem vistas, e podem ser proveitosas, casos estejamos abertos a conhecer a si próprios.

    Pensei no início que se tratasse de uma série chata, que se passava em sua maior parte dentro de um consultório, onde simplesmente pessoas narrassem seus problemas do dia a dia. Mas não, Psi é uma boa surpresa, onde as histórias são contadas pelas paisagens urbanas da cidade de São Paulo, onde até cenas de ação podemos ver, pois o psicanalista se aventura a desvendar algumas situações complicadas e até crimes.
Sinopse: PSI é uma série dramática com toques cômicos em 13 episódios que narra as aventuras de Carlo Antonini, um psiquiatra / psicólogo / psicanalista medianamente patológico. tanto dentro como fora do consultório. Movido por seu interesse em casos pouco convencionais, Carlo sofrerá consequências na sua vida familiar como pai, marido e amigo ao longo da temporada. A série não só dramatiza a solução diagnóstica e clínica dos casos, mas coloca em questão temas existenciais do mundo moderno. Durante a temporada, Carlo vive histórias que o fazem reavaliar o sentido da sua profissão e também de sua vida pessoal.
   Abaixo o link para assistir a primeira temporada de PSI
http://megafilmeshd.net/series/psi.html
Obs: o link acima não está mais funcionando, creio que a polícia federal está agindo para tirar alguns sites do ar. Até parece que a polícia não tem coisa mais séria para se preocupar, principalmente lá em Brasília e com a própria polícia federal também, pois existem policiais corruptos e que não honram o seus trabalhos. É uma minoria, mas que deve ser investigada, e que faz muito mais mal do que os sites que passam filmes online.

Será que estou incomodando?
    Infelizmente uma pessoa ou algumas denunciaram as minhas postagens sobre o blog. Não sei o que tem de errado com as minhas postagens, não contém pornografia, não incita o ódio, a violência nem nada. Mas o facebook acha normal esse tipo de postagem... O facebook e certas pessoas, mas talvez eu realmente possa incomodar certos profissionais que só visam o lucro e não se preocupam com o bem estar de seus pacientes. E também existem pessoas que tem o prazer simples e puro de prejudicar o próximo, pelo simples fato de não concordar com certas coisas. Ou outra coisa, depois que passei a escrever o blog apareceram algumas pessoas que não me desejam o mal, mas, ainda bem que o número das pessoas que me desejam o bem é muito maior. Gostaria de agradecer à todos os que me apoiam e que me dão força para continuar. Não vai ser este fato que irá me fazer desistir. Obrigado também aos grupos que sempre publicaram as minhas postagens.
Para o facebook essas imagens e zombarias são normais, pois eu denunciei e nada aconteceu...
http://memoriasdeumesquizofrenico.blogspot.com.br/2013/01/comunidade-no-facebook-zomba-de.html
tudo isso para o facebook é normal, e também para os usuários que nunca denunciaram esse tipo de "brincadeira" e parecem se importar mais com as minhas postagens...
Conto com a ajuda de todos os amigos do blog, para levar esse trabalho adiante, mesmo com algumas pessoas não gostando do alcance que ele está tendo. Não ganho dinheiro com esse trabalho, apenas me sinto útil, e isso é muito importante na vida de uma pessoa. Obrigado.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

O esquizo responde


   Este post faz parte de uma série que estou preparando, com perguntas e respostas feitas por amigos portadores dos mais variados tipos de transtornos mentais, estudantes, amigos e parentes de portadores, além de pessoas interessadas no tema.
    Foi um amigo que me deu essa sugestão, ao ver um dos vídeos que publiquei no meu canal no youtube. Poderia responder as perguntas pelo próprio canal, mas, como já relatei inúmeras vezes, falar não é o meu forte, e além de tudo eu tenho a língua presa, é um saco ficar falando o S, às vezes chego até a pronunciar o X no lugar do s, mas não é para dar uma de carioca não, é por que fica mais fácil shasuhasuashuashaus Só quem tem a língua presa é que irá entender completamente essa troca de letras.
    Gostaria também de deixar bem claro que não sou o dono da verdade, as respostas são de uma pessoa que infelizmente tem a prática e um pouco da teoria sobre o assunto. O psiquiatra, o psicólogo pode estudar o máximo que for possível, cursar a melhor universidade, mas entender completamente o que um portador de sofrimento mental passa não depende apenas de teorias, é necessário outras coisas que o dinheiro não compra.
    Também não me considero capaz de resolver os problemas das pessoas com sofrimento mental. Apenas procuro ajudar da melhor maneira possível, com tudo o que aprendi estudando e principalmente pelo conhecimento adquirido pelas experiências que tive e com as lições que só a vida nos ensina. E também é uma forma de retribuir um pouco toda a ajuda que recebi nos momentos mais difíceis da minha vida. Então, sempre que puder, irei publicar dez perguntas em cada postagem com o título acima. Quem tiver alguma pergunta é só fazer por email que respondo aqui no blog. Sugestões de temas também serão bem vindas. Sem a participação dos leitores o blog ficaria pouco interessante na minha opinião, aprendi e muito com os comentários postados. O meu email é:
juliocesar-555@hotmail.com

Perguntas e respostas
   1-Como era a sua vida antes da esquizofrenia?
    Levava uma vida praticamente normal. Fui uma criança bem arteira, estudei em um colégio razoável, fiz o ensino médio completo e também o curso técnico de eletrônica. Saí de casa aos 17 anos e comecei a trabalhar como operador de som. Com o tempo, acabei me tornando um bom profissional nessa área. Era uma pessoa distraída, e não reparava em nada em torno de mim. Apenas me achava uma pessoa excessivamente tímida e um pouco complexada, mas não era nada de tão grave assim. Hoje creio que também era um cara meio inocente, até um pouco bobo para a minha idade. Não tinha paranoias, e conseguia andar pelas ruas sem me preocupar com as outras pessoas, era realmente muito distraído e um pouco aéreo. Confesso que tenho saudades desse tempo que acredito que não irá voltar.

    2- Que idade você tinha quando recebeu o diagnóstico e qual a sua idade atual?
    Na verdade nenhum psiquiatra ou psicólogo falaram comigo sobre o assunto. Sempre fui atendido pelo SUS e as consultas eram bem rápidas. Em uma certa cidade a consulta durava não mais do que cinco minutos. Os psiquiatras apenas ouviam minhas queixas e me passavam a receita do medicamento. Já as psicólogas apenas se limitavam a fazer algumas perguntas e anotações. Como não ficava muito tempo morando na mesma cidade, não fiquei muito tempo fazendo sessões com uma mesma psicóloga.
    O primeiro surto grave aconteceu aos 32 anos de idade, mas só tomei conhecimento que tinha esquizofrenia quando fui fazer a minha primeira perícia no INSS, quando já não estava conseguindo mais trabalhar, devido as recaídas que tive. O laudo recebi no ano de 2005 e atualmente tenho 46 anos de idade. Fiquei três anos, indo de uma igreja para outra, pensando se tratar de algo espiritual. Até mesmo depois de receber o laudo ainda tinha essa desconfiança, que só foi realmente acabar depois que resolvi fazer um curso de informática e comprar um computador e assim estudar o assunto com mais profundidade.

    3- Quais foram os sintomas que levaram ao diagnóstico e como foi a sua primeira crise?
    Mania de perseguição exagerada, muitas alucinações auditivas e algumas visuais.
A primeira crise tive aos 32 anos de idade. Estava trabalhando e comecei a imaginar que os outros funcionários da empresa onde trabalhava estavam tramando algo contra a minha pessoa. Esse sentimento de que havia um complô contra mim foi se espalhando para o bairro, e em pouco tempo, comecei a pensar que praticamente o mundo inteiro estava querendo o meu fim. Cheguei a ouvir pessoas combinando um plano para me matar e onde eu ai sentia que todas as pessoas estavam me observando. Também comecei a sentir um complexo de culpa exagerado, chegando a imaginar que tudo o que acontecia de errado era minha culpa. Pensava que a minha comida estava envenenada e fui duas vezes ao hospital para pedir socorro. Aconteceu outras coisas, mas basicamente foi isso, e, então pedi demissão na firma onde trabalhava, com a intenção de fugir dos inimigos que eu pensava que estavam me perseguindo naquele lugar.
Aconteceram muitas coisas. Como não era agressivo, não cheguei a ser internado, e então morei nas ruas de Belo Horizonte por cerca de cinco meses, até conseguir me recuperar. Registrei tudo no livro que escrevi, chamado Mente Dividida, que vendo no formato impresso como também em PDF.

    4- Você já foi internado alguma vez na vida? Como foi a experiência?
  Nunca fui internado, pois, como já afirmei, mesmo durante os surtos psicóticos, não era agressivo. A minha principal reação era apenas fugir e fugir. Fui para as Br's, mudei de cidade, tentei o autoextermínio algumas vezes, numa tentativa de fuga dos inimigos que estavam em minha mente, mas que na época tinha a certeza absoluta que estavam em todos os lugares. Mas não fui agressivo e também quase não externava o que se passava em minha mente.

    5- Você toma medicamentos para controlar a doença? Já teve que trocar de medicamentos alguma vez?
    Atualmente estou tomando apenas o diazepan, que é para a ansiedade e agitação. É como se fosse um SOS, em uma situação em que eu possa ficar agitado. Os remédios usados contra a esquizofrenia infelizmente possuem muitos efeitos colaterais. Troquei inúmeras vezes de medicamentos, mas todos tiveram reações adversas quase que incapacitantes, como sonolência, fraqueza, aumento de apetite exagerado, e outras reações que são chamadas de reações extrapiramidais: acatisia, que é a vontade de ficar andando sem parar, agitação motora e enrijecimento muscular, dentre outros. Hoje em dia, devido a experiência prática no assunto, posso sentir algumas vezes quando estou prestes a surtar, e ai recorro aos antipsicóticos, mas por um breve tempo, até sentir que estou novamente estabilizado. 


     6-Como a sua vida mudou após o diagnóstico?
    Após o diagnóstico, a minha vida melhorou um pouco, pois passei a estudar o assunto. No início acreditava ser algo de origem espiritual. Comecei a frequentar igrejas, para ver se me libertava desses supostos espíritos, mas em vão.
  Depois que tive o acesso ao diagnóstico pude entender melhor a esquizofrenia e, consequentemente, a mim mesmo. Fiz uma análise de todo o meu passado, e cheguei à conclusão de que realmente havia algo de errado comigo.

    
    7- Você trabalha? A doença já afetou seu ritmo profissional?
   Sou aposentado. Infelizmente na área em que trabalho o profissional tem que ficar várias noites acordado, se deslocando de uma cidade para outra. Trabalhava como operador de som, e ainda tinha o problema do som alto e de ter que conviver com multidões nos shows. É realmente uma profissão estressante. A vida social também foi bem afetada. Já não era grandes coisas antes, agora ficou praticamente inexistente. 

    8- Como é a sua relação com familiares e amigos?
   A minha relação com a família não era boa e nem ruim. Apenas não existia. Se por um lado não brigávamos, também não havia diálogo. Em relação aos amigos, na infância e adolescência era um garoto divertido e alegre, meio maluquinho mesmo e tinha bastante amigos. Com o tempo a sensação de que as pessoas não gostavam de mim foi aumentando e fui então me tornando uma pessoa mais reservada.

    9- Como as pessoas reagem ao saber que você tem esquizofrenia?
   Geralmente ficam surpresas, pois o preconceito e a falta de informação ainda é muito grande, A maioria das pessoas pensam que esquizofrenia seja sinônimo de agressividade, de falta de capacidade de raciocinar, déficit mental, falta de higiene, dentre outras coisas. Já me perguntaram como sei usar o computador se sou um esquizofrênico. Já até disseram que não tenho esquizofrenia por saber falar razoavelmente bem. E também fizeram o desafio clássico: “Você é doido? Então rasgue essa nota de 50 reais!” A resposta foi óbvia: “Posso até ser meio maluco, mas burro não sou né?”

    10- Você já passou por alguma situação de preconceito por sofrer com a doença?
    Se considerarmos preconceito como um pré-julgamento sem ter um conhecimento da causa, sofri e ainda sofro todos os dias. Mas não fui hostilizado, apenas algumas pessoas procuraram me evitar, principalmente no mundo virtual, já que ultimamente tenho tido pouco contato com as pessoas no mundo real. Já ouvi muitas indiretas, que finjo ter esquizofrenia para ter conseguido me aposentar, dizem que tenho uma vida boa (me aposentei com um salário mínimo). Dizem que o que tenho é frescura, já que não podem ver e nem sentir o que eu tenho.
    Nos sites de relacionamento o preconceito acontece de uma forma bem clara. Quando encontro uma pessoa interessante, procuro entrar em contato. A conversa chega a fluir bem, me pedem mais fotos, mas, quando ficam sabendo da minha condição de portador de esquizofrenia, já não retornam mais as mensagens. No começo chegava a mentir, afirmando que trabalhava como técnico em eletrônica, mas foi por pouco tempo, não gosto de me passar por uma outra pessoa. 

Perguntas de estudantes de psicologia
   O TCC não é mais obrigatório. Algumas estudantes de psicologia entram em contato comigo e com vários portadores de esquizofrenia para fazerem uma série de perguntas, para seus trabalhos de conclusão de curso. Umas são honestas e francas, chegam e falam a verdade, e fazem as perguntas. Outras se aproximam, fazem o pedido de amizade, fazem inúmeras perguntas, algumas fingem realmente querer a nossa amizade, mas, depois que conseguem o conteúdo para seus trabalhos, acabam sumindo e nos excluindo de seus círculos de amizades. Acho isso uma falsidade que nem vou comentar, o correto seria falar a verdade mesmo, apesar de que a maioria dos portadores não gostam de responder as mesmas perguntas de sempre. Eu mesmo já não respondo mais, pois são as mesmas perguntas de sempre. Já teve estudante fingindo ser jornalista e entrando em contato comigo, afirmando que iria sair no jornal, etc. Fiquei empolgado, mas até hoje não vi nenhum depoimento meu em nenhum jornal, elas prometiam me passar o link da matéria, mas até hoje nada. Então, o TCC não é mais obrigatório, e também é uma falta de sensibilidade dos professores, não saberem que qualquer pessoa se sente incomodada se for "investigada" ou observada. Nos caps e nos centros de convivência aparecem vários estudantes, e já cheguei a ver em um caderno de um estudante anotações sobre vários portadores de esquizofrenia. O pessoal das faculdades chegam nesses centros de convivência, entram em contato com os portadores, alguns estudantes começam a puxar conversa, fazem suas observações, e até filmam certas situações em que o portador não é perguntado se quer mesmo ser filmado. Não seria mais correto primeiro falar a verdade e depois começar o contato e as perguntas?

Se comer não use o fone de ouvido...
    Outro dia estava almoçando tranquilamente no restaurante popular. E, como sempre, ouvindo músicas no fone de ouvido na maior altura. Isso me ajuda a me desligar um pouco do mundo à minha volta. Mas dessa vez me desligou de uma maneira que me fez pagar um mico, quer dizer, um micão (que expressão mais antiga shaushasuhasuas). 
     Não sei que carne estava comendo, mas o caldo do osso estava uma "dilícia". Sou uma pessoa simples, e não tenho vergonha de comer o frango com a mão e chupar o caldo dos ossos. Essa carne que estava comendo não era frango, mas o caldinho do osso estava muito bom mesmo. De repente um cara na outra mesa me encarou com uma cara não muito boa. Havia poucas pessoas no restaurante, geralmente almoço mais tarde, quando o movimento é pequeno. Um outro cara que estava passando no corredor também me encarou por um breve momento. Achei estranho, mas continuei a saborear o caldinho do osso da carne que estava no prato. Ai as mulheres que estavam no balcão começaram a rir, deu para ouvir suas risadas, bem ao fundo, por causa da música alta. Olhei para o lado e elas estavam olhando para mim. Somente neste momento é que fui me dar conta da situação: quando estava chupando o caldo do osso da carne, dava para ouvir o som que fazia, parecido um pouco com um tipo de assovio, sei lá... Ai disse para mim mesmo:
    - Como você é burro cara! Se está dando para ouvir você sugando o caldo do osso com essa música alta no fone, então o restaurante inteiro está ouvindo também!
    Fiquei meio sem graça, me ajeitei na cadeira, fiz cara de sério de como não estava acontecendo nada e passei a sugar o caldo da carne com menos vontade, apesar de estar muito gostosa. 


O "rançoso"...

   Como já citei no post "A corrente do bem", passei a cuidar de um cachorro que foi meio que abandonado pelo seu dono, não vou entrar em detalhes sobre como isso aconteceu. Foi uma maneira de retribuir toda a ajuda que recebi nos momentos difíceis da minha vida e também que ainda recebo. Apesar de tudo o que aconteceu depois que a esquizofrenia apareceu em minha vida, posso dizer que sou um cara privilegiado ou sortudo, por ainda estar vivo e poder contar um pouco da minha história. 
    Ele estava triste, "amuado", magro. Afinal, mudou de habitat e também perdeu seu irmão, o rançosinho. Provavelmente ele deve ter se perdido ao sair na rua à procura de alimento. Não aguentei ver a tristeza dele e passei a comprar ração, a brincar com ele e até dei um banho, meio que forçado, para tentar tirar um pouco do ranço, acho que ele nunca havia tomado um banho em sua vida. E ficou mais complexado ainda, pois, quando estava jogando água nele, encostei na tomada que estava pendurada e tomamos um choquinho assustador. Já estou acostumado a levar choques, pois trabalhei como operador de som por vários anos. Mas, e o rançoso? O que se passou na cabeça dele? Coitado, agora é que nunca mais vai querer saber de tomar banho. 
    Mas agora ele já está mais animado e forte, dou ração para ele de manhã e de tarde, além de não deixar faltar água. E o principal também não falta, que é um pouco de carinho. Como ele não tinha nome, resolvi batizá-lo. Mas nenhum nome apareceu em mente. Estava pensando em colocar Pacato, pois ele é bem quietinho e não mexe com ninguém, só não gosta muito que um outro cachorro invada o território demarcado por ele. Mas com os humanos e fora do território, ele é um doce. Me sugeriram Paçoca e outros nomes. Mas resolvi que ele mesmo iria escolher o seu nome: o primeiro que gritei foi rançoso, e logo ele veio correndo em minha direção. Não tive dúvidas: seu nome seria mesmo Rançoso, pois o cheiro ainda continua, porém um pouco mais fraco. Falta ainda comprar um talco para acabar com as pulgas, ele vive o dia inteiro coçando daqui e dali, mas nesta semana vou comprar um talco para acabar com esse sofrimento. 
    Na minha opinião, os cachorros tem sentimentos, parecem ser um pouco diferentes dos outros animais. Eles nos olham bem nos nossos olhos quando gostam da gente, dão sinais para se comunicar, percebem quando estamos tristes. Enfim, são seres que merecem o nosso respeito. 

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Maconha e esquizofrenia


 Legalize já legalize já
   Uma erva natural não pode te prejudicar... 
   Provavelmente a maioria dos leitores já devem ter ouvido o refrão dessa música da banda planet hemp, em uma clara referência ao uso da maconha para fins recreativos, afirmando que a mesma não traz nenhum tipo de dano ao usuário.
    Gostaria de dizer inicialmente de dizer que a intenção desta postagem não é debater um tema tão polêmico que é a legalização ou não da maconha para a galera dar uma pitada, além do uso medicinal
    Também gostaria de dizer que sou careta mesmo em relação às drogas. Não uso, não gosto, mas não sou moralista. Creio que cada um tem que saber o que está fazendo com sua vida, através de informações sobre o assunto. Quem tiver condições financeiras de sustentar o seu vício e não trazer prejuízos aos outros, que use a cannabis, mas, assim como acontece no cigarro, que fique ciente antes dos malefícios que o uso contínuo e exagerado que essa erva pode causar ao organismo, principalmente ao cérebro. Assim, se o governo liberar o uso da maconha, que pelo menos fiquem cientes da possibilidade de adquirirem algum tipo de transtorno mental, principalmente a esquizofrenia. 
    A música da banda planet hemp afirma que uma erva natural não pode nos prejudicar. Acho que o autor da letra talvez não saiba que a diferença entre terapêutica e a letalidade de muitas ervas e plantas esteja na dose.... Creio que nem precisa citar que algumas plantas podem matar em pouco tempo se ingeridas. O filme Natureza selvagem foi baseado em fatos reais, em que um cara resolve fugir da vida "civilizada" e morar em meio à natureza. E, por uma infelicidade acaba ingerindo uma planta venenosa, que é muito parecida com uma planta comestível...
   Não sou o mais indicado para falar sobre a relação entre a maconha e a esquizofrenia. Só experimentei essa erva três vezes em toda a minha vida, por volta dos meus vinte anos de idade. Isso por que amigos me ofereceram, nunca me dei ao trabalho de me deslocar de um local para outro e gastar o meu dinheiro para fumar um baseado. 
    Era um cara tranquilo, tinha paz, e não tinha quase nenhum tipo de ansiedade. E era relativamente feliz, não tendo motivos para fugir da realidade. Era um cara exageradamente distraído e que não reparava em nada o que acontecia em minha volta, talvez por isso o motivo de ser uma pessoa tranquila. 
    Creio que a minha esquizofrenia tenha sido desencadeada por fatores genéticos e ambientais (stress, algumas situações complicadas, etc). 
    Mas, depois que aprendi a usar o computador, conheci diversas pessoas que desencadearam a esquizofrenia depois que passaram a fazer o uso da maconha. E conheço também pessoas que usam e que aparentemente estão gozando plenamente de suas faculdades mentais (olha o psiquiatra baixando em mim shaushasuhas).
    Então, será que a maconha desencadeia a esquizofrenia apenas em pessoas que têm alguma tendência a ter algum tipo de transtorno mental? Ou será que é o uso abusivo da erva que causa algum dano ao cérebro e assim consequentemente um tipo de patologia mental? Sinceramente não sei responder a essas questões tão complexas. Com a palavra os "especialistas" no assunto...
   Mas não irei aqui me aprofundar neste tema, pois o que não falta por ai são matérias a esse respeito. Mas, como portador de esquizofrenia e também por constatar que muitas pessoas desencadearam a esquizofrenia a partir do uso da maconha, decidi postar algo sobre o assunto, mas sem criar polêmica.  A minha única e exclusiva intenção é apenas alertar as pessoas que um simples baseadinho pode sim em alguns casos causar danos.  
   Aliás, como já afirmei, não só expert no assunto, então nada melhor do que um depoimento de um portador de esquizofrenia que a partir do uso da erva passou a ter alucinações e algumas paranoias. Também tirei alguns prints de outros portadores, tudo devidamente autorizado, desde, é claro, que fossem ocultados os seus nomes verdadeiros. 




Depoimento de um portador de esquizofrenia e ex-usuário da maconha
    1- Como era a sua vida antes de usar a maconha?
  Era tranquila, trabalhava e estudava normal, na verdade não sou um dependente químico, apenas um usuário esporádico que fazia uso recreativo de maconha e álcool, para me aliviar da depressão e ansiedade. 
    2- O que mudou em sua vida depois das drogas?
Bem, o álcool e a maconha me deixaram ou colaboraram para o desenvolvimento e agravamento da depressão e ansiedade, a maconha me causava ataques de pânico e mania de perseguição, uma paranoia bastante acentuada. A maconha pra mim foi uma vida de mão dupla, às vezes usava e me sentia relaxado, desinibido, curtindo a "brisa" e às vezes ficava psicótico com medo dos vizinhos e das pessoas à minha volta, achando que tramavam algo contra mim.
    3- Teve algum tipo de alucinação?
Sim, quando usei uma quantidade exorbitante de maconha me intoxiquei e comecei a surtar, e a ver coisas irreais, como, por exemplo, a minha mãe entrar no meu quarto e me via matando-a esfaqueada juntamente com o meu irmão. Mas hoje sei que na verdade isso eram delírios e alucinações. A esquizofrenia começou aos 24 anos após abusar do uso da maconha e ter dois surtos psicóticos que foi evoluindo para um quadro psicótico. Talvez eu já tivesse predisposição para isso, as drogas apenas deram um pontapé nas crises. 
    4- Conseguiu parar com as drogas?
Parei rapidamente com as drogas após surtar pela segunda vez. Minha psiquiatra recomendou não usar nada, pois, segundo ela, poderia ter ainda mais prejuízos se eu continuasse nessa.
   5- Recado final
Para quem pensa em fazer uso indiscriminado e abusivo de maconha recomendo muita cautela, pois é uma droga que pode piorar e agravar transtornos mentais, assim como também pode iniciar um quadro da doença, é preciso se abster de qualquer tipo de substância se quiser preservar sua sanidade e saúde mental. As drogas podem modificar sua personalidade, alterar sua consciência, trazendo danos e sofrimento.

Abaixo, alguns prints com mais depoimentos, para não imaginarem que se trata de um caso isolado:


    É isso pessoal. Este post não tem nenhum caráter moral, afinal, quem sou eu para ficar pregando por ai algum tipo de lição de moral. Sou careta mas respeito a escolha de cada um, mas, como já frisei, desde que não traga prejuízo para o próximo. 
    Se a legalização da maconha diminuir a violência, acho que pelos menos um debate deveria ser feito, com todo os setores envolvidos (comunidade, representantes do governo e da saúde mental, especialistas em segurança, etc). Algumas pessoas costumam dizer que na Holanda a liberação deu certo, que não existe a violência por lá. Mas acho que não tem nem como comparar o Brasil com a Holanda e outros países da Europa. As condições de vida nesses países são bem diferentes do nosso país... Nos Estados Unidos a maconha foi liberada em alguns estados, e parece que está vendendo muito. Lá cada estado tem as suas leis e em outros estados ela não é liberada. 
    Mas, e o que poderia acontecer no Brasil, caso a maconha fosse liberada? Os traficantes iriam largar suas armas e começariam a trabalhar? Ou continuariam no mundo do crime, apenas mudando de ramo? E o governo, com a "presidenta" Dilma, não iria colocar tantos impostos na maconha, incentivando o usuário a continuar a comprar a droga por um preço mais acessível nos pontos de tráfico?

    Essas questões não sei responde-las, como já disse, só um amplo debate com vários setores da sociedade para decidir o que é o melhor para o nosso Brasil, sem se espelhar muito no que acontece nos países do primeiro mundo. Como já afirmei antes, a minha intenção é apenas alertar a todos sobre os riscos de se desencadear algum tipo de transtorno mental com o uso da maconha, que para muitos é considerada inofensiva. Mas, como vimos no depoimento e nos prints, as coisas não são bem assim.
    -"Ah! Só um "tapinha" não vai fazer mal não"... É o que alguns dizem...
    Mas foi pensando dessa maneira que essas e muitas outras pessoas desencadearam a esquizofrenia e outros transtornos mentais. Se por acaso fosse liberada, poderia se fazer pelo menos uma campanha semelhante ao que o governo faz sobre o uso do tabaco, colocando nas embalagens os perigos e as consequências do uso da cannabis. Assim a decisão de usar ficaria por conta e responsabilidade da pessoa, que assim estaria consciente dos riscos. 
    É isso pessoal, só quem tem esquizofrenia é que sabe o estrago que ela pode causar na vida de um indivíduo. Antes de dar a primeira "pitada", pare, pense e reflita. Hoje você pode estar usando uma droga para uso recreativo, para relaxar e descontrair. Amanhã poderá estar usando um outro tipo de drogas (antipsicóticos) que tem inúmeros efeitos colaterais e terá que depender de médicos especialistas no assunto, e se, for pelo SUS, a situação se torna ainda mais complicada...
   

Dicas de filmes
   Meu blog é assim, tem um tema com um título, mas eu sempre acabo postando alguma coisa a mais. Coisa de mineiro, que gosta de um dedo de prosa...
É um blog meio sem regras, simples e feito de coração. 
 Assisti coincidentemente na semana passada o filme "Réquiem para um sonho". Digo coincidentemente pois dias antes já havia escrito esta postagem. O filme aborda o tema das drogas, não só as consideradas ilegais, como também as legais, que prometem milagres e são vendidas por ai e que prometem melhorar o desempenho físico, mental e até emagrecer. É um filme um pouco triste, por trazer à tona essa triste realidade das drogas. Então, quem não gosta de assistir algumas cenas...
está cada dia mais fácil ter acesso à medicamentos "milagrosos"...


Sinopse Réquiem para um sonho

    Uma visão frenética, perturbada e única sobre pessoas que vivem em desespero e ao mesmo tempo cheio de sonhos. Harry Goldfarb (Jared Leto) e Marion Silver (Jennifer Connelly) formam um casal apaixonado, que tem como sonho montar um pequeno negócio e viverem felizes para sempre. Porém, ambos são viciados em heroína, o que faz com que repetidamente Harry penhore a televisão de sua mãe (Ellen Burstyn), para conseguir dinheiro. Já Sara, mãe de Harry, viciada em assistir programas de TV. Até que um dia recebe um convite para participar do seu show favorito, o "Tappy Tibbons Show", que transmitido para todo o país. Para poder vestir seu vestido predileto, Sara começa a tomar pílulas de emagrecimento, receitadas por seu médico. Só que, aos poucos, Sara começa a tomar cada vez mais pílulas até se tornar uma viciada neste medicamento.

Bendito cabo HDMI...
    Por falar em filmes, achei um site ótimo, com filmes bem recentes e com ótima qualidade de imagem e som. Não tem tantas propagandas e até hoje não peguei nenhum tipo de vírus. Só na hora de apertar o play que é aberto uma página chamada notícias virais, mas ai é só fechar essa nova aba que é aberta e assim curtir um bom filminho, já que na tv aberta a situação está complicada.
    Com muito custo realizei meu sonho de consumo de comprar uma TV LCD de 32 polegadas.  Morei nas ruas, na barraca, e em alguns abrigos. Noites mal dormidas, muitos perrengues, mas valeu a pena. Só se livrando do aluguel é que alguém que ganha um salário mínimo poderia ter acesso ao sinal digital. A TV é usada, mas tudo bem. Está funcionando perfeitamente e tem boa imagem e som. Mas, depois que larguei as andanças, a coloquei no meu quarto e ficava praticamente o dia inteiro com o controle remoto na mão, em busca de algo "assistível"... No final do dia, chegava à conclusão de que ficava mais tempo procurando algo digno de ser assistido do que propriamente me divertindo.
    Existem programas bons na tv aberta, mas é preciso garimpar e muito, a pilha do meu controle remoto ia embora em pouco tempo. Bendito o cara que inventou o tal do cabo HDMI! Comprei um de 10 metros no valor de 65 reais e não me arrependo, foi a melhor coisa que comprei nos últimos tempos. Agora tenho a liberdade de assistir o que quiser e na hora que quiser. Abaixo está o link do site, deu até para ver a série Narcos, sobre o pablo escobar, e dublado!
    Estava cansado de assistir a baixaria, principalmente na parte da tarde, em que dois apresentadores de emissoras diferentes ficam "duelando" para ver quem consegue mostrar mais crimes e cenas violentas. Sem contar os filminhos repetitivos e as novelas que nem sempre valem a pena ver de novo...

Assistir Narcos, dublado
Obs: dos dez episódios, acho que três não estavam disponíveis no momento em que assisti, mas deu para entender bem a história. 

sábado, 10 de outubro de 2015

10 de outubro- Dia da saúde mental?

           Motivos para comemorar? Será que temos?

    Hoje (10/10) é o dia da saúde mental. Festas foram realizadas em alguns lugares do Brasil. Mas o que temos para comemorar em nosso país? Houve melhoras significativas nos últimos anos?
    Em relação ao período em que os considerados "loucos" pela sociedade eram encarcerados em manicômios, podemos considerar que houve uma grande melhora, por que, piorar não tinha como...
    Os manicômios estão acabando, isso todo mundo já sabe. E agora? Como estão sendo tratados os pacientes psiquiátricos em nosso país? Qualquer coisa é melhor do que os manicômios e creio que somente a diminuição dessas instituições não seja motivo de tanto alarde que algumas pessoas fazem por ai. E os pacientes que não têm família? E os que moram nas ruas? E os que têm família e é como se não tivessem? E o preconceito da sociedade, gerado pela falta de informação?  Estamos mesmo tendo um bom atendimento na rede de saúde mental? Os resultados em nosso pais no tratamento da esquizofrenia são satisfatórios? Como já publiquei no post sobre o tratamento na Finlândia, creio que o Brasil ainda tem muito o que melhorar e parar de seguir o padrão americano de tratamento, que consiste basicamente em medicações e mais medicações. Conheci pessoas que tomam mais de onze medicamentos por dia e não tiveram nenhuma melhora.
os manicômios acabaram, mas tratamento digno é apenas extinguir essas instituições?
    Estamos tendo realmente acesso à um tratamento de qualidade? Temos acesso aos melhores medicamentos? E a qualidade de vida do portador de esquizofrenia no Brasil é satisfatória? Se não tivermos condições financeiras e boa estrutura familiar, creio que as respostas são, em sua maioria, negativas. Devemos nos espelhar em países que estão obtendo os melhores resultados no mundo no tratamento da esquizofrenia, e não nos Estados Unidos, em que quem sai lucrando com tudo isso é, principalmente a indústria farmacêutica.
   No meu caso em particular, está faltando os medicamentos que uso na rede pública. O Cersam(que é o CAPS nos outros estados) da região onde moro está atendendo somente casos de emergência. O clínico geral no posto de saúde onde consulto, apenas refaz as receitas e não troca a medicação. Queria tentar o lorazepam, que basicamente é um diazepan com oito horas de duração. O diazepan, além de atrapalhar a minha memória, está dificultando cada dia mais acordar em um horário adequado. Não consigo parar de tomar o diazepan, o máximo que consegui foi diminuir a dose, de 20mg para 10, e às vezes consigo ficar tomando 5mg por algum tempo. Na minha primeira consulta com um psiquiatra, não fui alertado sobre os perigos da dependência física e psicológica do diazepan, e nos postos de saúde não recebemos as bulas dos medicamentos, apenas as cartelas. Essa primeira consulta creio que demorou menos de 10 minutos. E ai, o município não teria que ser processado? Isso é atendimento de qualidade? Como um psiquiatra pode atender uma pessoa em cerca de sete minutos? Me lembro que tive que ser muito insistente e até elevar a voz para ser atendido, pois chegaram a me negar atendimento pelo simples fato de não ter endereço fixo na época. Oras, havia acabado de sair do meu primeiro surto psicótico, estava nas ruas justamente por causa da esquizofrenia, e então não deveria ser atendido?
http://infonoticiasdefnet.blogspot.com.br/2014/09/medicalizacaodemencia-estudo-associa.html
    Voltemos aos dias de hoje. Fui ao psicólogo do posto de saúde, que remarcou para a última sexta feira a consulta, pois ele havia prometido fazer um encaminhamento para um Cersam, para tentar trocar o medicamento, pois também estou tentando conseguir um antipsicótico mais adequado para os sintomas negativos da esquizofrenia, que creio eu ser o que mais tem me acometido nos últimos meses. Os sintomas negativos basicamente são bem parecidos com os da depressão; falta de ânimo e energia, não achar graça em nada, tristeza sem motivo aparente e por ai vai. Mas o pessoal da rede pública de saúde em Belo Horizonte entrou mais uma vez em greve. E agora? Os medicamentos estão acabando, e novamente vou ter que ser insistente para tentar ser atendido no Cersam sem encaminhamento e ter direito ao que me é de direito. Aliás, até os gastos com o transporte no tratamento eu tenho direito, mas eu não ligo para isso, só queria ser ouvido e bem atendido, coisa que não acontece em Belo Horizonte. Não seria uma boa os portadores em Belo Horizonte terem direito ao passe livre, como ocorre em outras cidades? Até os vales transportes para os portadores frequentarem os centros de convivência e irem aos Cersams também acabaram.
    Se o tratamento no Brasil fosse adequado, não existiriam tantos grupos no facebook e comunidades no antigo orkut sobre transtornos mentais, pois todas as pessoas com transtornos mentais estaria bem e estabilizadas... O problema é que alguns profissionais pensam que estar estabilizado é o mesmo que estar dopado, sem reação nenhuma...
    No início confesso que fiquei feliz pelo fato do blog que escrevo ter atingido 300.000 visualizações, mas, depois de refletir um pouco, cheguei à conclusão de que o mesmo tem tantos acessos por que o tratamento no Brasil dos transtornos psiquiátricos deixa muito a desejar. Falta respeito não somente ao portador como aos familiares. Muitas pessoas me procuram aqui no blog ou por email em busca de informações e sobre como proceder em casos de surtos e outras situações. Oras, se o tratamento no Brasil fosse eficiente, o blog não teria razão de existir e nem seria acessado, "já que tudo é uma maravilha, com os "modernos" medicamentos que estão surgindo por ai..."
E realmente, deixando a vaidade de lado, ficaria muito mais feliz se a esquizofrenia fosse realmente controlada em nosso país, e nem fosse preciso escrever um blog.
Mas nem tudo é reclamação. Neste dia gostaria de agradecer a todos os profissionais da saúde mental que trabalham com dedicação e honestidade, mas ainda falta muita coisa para termos motivos para comemorar essa data aqui no Brasil...

   Obs: tenho uma página no facebook, chamada Memórias de um Esquizofrênico. Não é nada demais, apenas compartilho por lá artigos e "novidades" no mundo da psicologia e psiquiatria. Leio vários sites sobre o assunto e sempre aparece alguma pesquisa nova ou medicamento, prometendo milagres, mas que não passam só de promessas. Mas não desisto, continuo a minha busca, para quem sabe um dia postar algo que seja realmente eficiente e inovador no tratamento da esquizofrenia. Não acredito que só existam os aproveitadores no campo da psiquiatria, acredito também que existam profissionais bem intencionados que realmente querem ver a cura da esquizofrenia. Claro que alguns profissionais estão muito satisfeitos com a coisa do jeito que está, afinal, as consultas são caríssimas.
   Então, se quiserem ficarem mais informados sobre artigos e novidades sobre a esquizofrenia e outros transtornos mentais é só curtir a minha página no facebook:
https://www.facebook.com/MemoriasDeUmEsquizofrenico

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Sonhos de um esquizofrênico

Em busca da felicidade
o que te faz feliz?


    Há alguns dias atrás, para variar, estava garimpando na internet à procura de um bom filme para distrair um pouco a minha paranoica mente e sair um pouco da realidade entediante que vivo no momento. É isso mesmo! Viajo nos filmes (nos bons, é claro), me vejo dentro deles, rio sorrio, torço para que tudo acabe bem e não raramente choro nos finais de alguns filmes em que morre um dos atores principais ou até mesmo o cachorro de estimação da família. Semana passada me peguei chorando pela segunda vez ao assistir pela segunda vez o filme "Ponte para Terabitia".... E não tenho certeza se não vou chorar se assistir pela terceira vez...
    Não preciso de drogas para viajar e sair da realidade. Não tem nada demais em dar uma passeada no mundo dos sonhos, o problema é viver constantemente por lá e esquecer da realidade. Nessas minhas buscas por filmes, encontrei um que achei bastante interessante que tem como título "Hector, e a procura pela felicidade". Na verdade estava procurando algum site para assistir online o filme "Em busca da felicidade", que também é muito bom.

    Sinopse: O psiquiatra Hector (Simon Pegg) está cansado de sua vida e dos problemas de seus pacientes. Ele, na verdade, se sente frustrado por não conseguir ajudar seus pacientes a encontrarem a felicidade. Com o incentivo da esposa (Clara Rosamund Pike), ele faz uma viagem sozinho ao redor do mundo, em busca de novas experiências. Durante a viagem, ele começa a questionar as pessoas sobre o que as fazem feliz e se dá conta que precisa questionar-se à si mesmo.
   Assisti este filme, por ser uma comédia. De dramas já bastam o que temos em nossas vidas. E valeu e muito a pena ficar 120 minutos grudado na tela da tv. Não sei se foi coincidência ou obra do destino, ou seja o que for, mas estava precisando exatamente assistir este filme. Aconteceu algo parecido comigo quando resolvi fazer as minhas andanças, pois não estava feliz vivendo naquele lugar cercado de usuários e vendedores de crack. Aquilo não era vida, o aluguel podia ser barato, o quarto razoavelmente bom, era perto do restaurante popular mas o principal, que é a paz, já não tinha.
   Sempre tive a curiosidade em saber como se sentiam os psiquiatras e psicólogos fora dos consultórios. Será que eles ficam pensando nos problemas de seus pacientes após o expediente? Será que conseguem ser tão profissionais e não levar nenhum problema para casa? 
    Não sei, e acho um pouco estranha essa profissão: afinal, teoricamente e simplificadamente esses profissionais têm que dar à seus pacientes algo que talvez eles nem tenham a resposta: a fórmula da felicidade...
    Mas será que existe "a" fórmula da felicidade ou existem as fórmulas? O que é felicidade para você? Existe a felicidade ou as felicidades? Ou existem apenas momentos de felicidade, sendo quase impossível ser totalmente feliz nesse mundo complicado que vivemos hoje em dia? O que te faz feliz também faz com que outras pessoas se sintam felizes?
    Felicidade deve ser um conceito, ou seja, para um religioso felicidade é estar com o seu Deus, já para psicologia deve ser o cérebro funcionando perfeitamente e produzindo a serotonina e outras "inas" mais na quantidade suficiente. Já os budistas acreditam que o sofrimento esteja no desejo, ou seja, para não sofrermos, basta não querermos...
     Quando criança, não pensava nestas questões. Não era totalmente feliz, mas ficava feliz na maior parte do tempo, afinal tinha uma bola e amigos para jogar o futebol, war e banco imobiliário. Além de ter o quarteirão inteirinho para brincar de esconde-esconde, naquela época subíamos nos telhados das casas para nos escondermos, entrávamos nos prédios e não havia problema nenhum. Hoje em dia provavelmente seríamos confundidos com assaltantes... 
    Como toda criança, sonhava em ser jogador de futebol (quem nunca sonhou?). Me via jogando por algum time qualquer, balançando as redes e indo comemorar com a torcida que lotava o estádio. Não queria jogar pelo time do meu coração, pois ficava muito nervoso e chateado quando levava um gol, e acreditava que isso poderia atrapalhar o meu rendimento em campo. Desde pequeno já sacava um pouco de psicologia. Se por um lado o amor ao clube pode ajudar na entrega e disposição, por outro lado pode atrapalhar na questão do nervosismo. 

    E o tempo foi se passando e o conceito de felicidade por um pequeno espaço de tempo confesso que se resumiu a possuir bens materiais, e ter dinheiro para viajar por ai e curtir a vida. Mas isto era apenas um sonho, que nunca me esforcei para que se tornasse realidade um dia. Já era um pouco depressivo, e desde a adolescência já não me via passando dos 35 anos. Era como se soubesse o que iria acontecer por volta dessa idade: os surtos, as crises, e a esquizofrenia aparecendo na minha vida. Minhas tentativas de auto extermínio foram fracassadas, quando fiz 32 anos. Cheguei a ter um complexo messiânico tão forte que acreditava que não passaria dos 33 anos...
     Infelizmente tive que passar por situações complicadas para mudar o meu conceito de felicidade. Conheci a solidariedade das pessoas nos momentos mais difíceis, e isso não tem preço. Vi que ainda existem pessoas boas neste mundo e que nem tudo está perdido ainda, Me lembro até hoje de um morador de rua que me ofereceu um marmitex cheio de carne. Não era arroz e feijão, era carne e estava quente e bem feita. E, ficou mais gostoso ainda por causa da fome que estava sentindo, pois havia ficado no mato por alguns dias e perdido cerca de 25kg, por causa de um surto que tive. Também não esqueço de um garoto que recolhia material reciclável nas ruas de Belo Horizonte. Ele, ao me ver deitado na calçada em uma fria manhã de segunda feira, pegou um cobertor que estava no carrinho e me cobriu. 
    Será que é preciso estarmos infelizes e sofrermos para mudarmos o nosso conceito de felicidade? Será que aquela frase "o homem sempre quer mais" é verdadeira e nunca vamos nos contentar com o que temos? Sinceramente não posso responder por todos, mas no meu caso em particular as experiências ruins me fizeram mudar de opinião e hoje o conceito de felicidade mudou totalmente para mim. Claro que sempre vou procurar melhorar em algo, ter algum objetivo, mesmo que material, para também ter algum sentido nesta vida, confesso que não sou muito fã da filosofia do budismo que o não sofrer vem do não querer. 
    Mas hoje seria muito feliz se ao menos pudesse tomar um cafezinho na padaria com um pãozinho bem quentinho de manhã sem ao menos pensar que eu possa estar sendo envenenado. 
    Seria mais feliz se pudesse sacar o meu pagamento e não imaginar que o segurança esteja pensando que eu seja um assaltante de bancos. É uma%$@#%$@%# quando vou à um shopping e vejo o segurança falando no rádio de comunicação. Penso que está falando com um outro segurança:
    - O suspeito está subindo a escada em direção ao segundo andar...
    Seria feliz se conseguisse simplesmente andar pelas ruas sem ao menos imaginar que estão todos olhando para mim e comentando algo a meu respeito...
    Podem pensar que a maioria dos portadores de esquizofrenia sejam sonhadores, que vivem no mundo da lua, etc. No meu caso, sim, dou umas viajadas sem drogas por ai, mas logo volto à realidade, mas o meu maior sonho hoje em dia é me ver livre da mania de perseguição e outros sintomas da esquizofrenia. 
    E você, qual o seu conceito de sonho?

CDE- Central de Downloads do Esquizo
   Esta semana na CDE estou disponibilizando um ótimo livro sobre a bipolaridade. Posso recomendar pois consegui ler este livro inteiro, pois ainda os sintomas negativos da esquizofrenia não tinham se manifestado tão agudamente como hoje em dia. E ele é ótimo para ilustrar que todos estamos sujeitos a ter algum tipo de transtorno mental, independente de nossa atividade, de nosso nível cultural e econômica. Esse livro traz o relato de uma advogada bem sucedida e sua relação com o transtorno de humor, que quase acabou com sua carreira. 
    Nos faz compreender melhor o que é a bipolaridade, que não é uma simples alteração de humor, que vai de um dia para outro. Que não é uma frescurinha, que é algo que virou moda e até chique depois que mudou o nome de transtorno maníaco depressivo para bipolar. Hoje em dia tem gente que acha chique se auto denominar bipolar, que é coisa de artista, intelectual, sei lá...
Sobre o livro
Em um momento, Terry Cheney está agachada sob sua mesa em seu escritório em Beverly Hills, paralisada pela depressão. No momento seguinte, está empinando pipas à beira de um penhasco, sob uma violenta tempestade. Em outro momento, ela está tomando uma dose excessiva de analgésicos com tequila, e depois está perdidamente apaixonada. Bonita, extremamente bem-sucedida e brilhante, Cheney - como outros 10 milhões de pessoas, apenas nos Estados Unidos - sofre de transtorno bipolar, um terrível segredo que quase a matou.  
A autora revela os segredos dessa devastadora doença sobre si e sobre aqueles que a cercavam. Desde as múltiplas tentativas de suicídio, experiências de quase morte, noites na cadeia e exploração sexual, passando por amizades rompidas e pelo tratamento de eletrochoque. Bipolar é o retrato de uma vida vivida em extremos, uma inesquecível viagem numa montanha russa. 
Link para download: basta clicar na imagem no lado superior direito da página, ou então no link abaixo:


Quase 300 mil Visualizações!
   Quando comecei a escrever este blog, não imaginava que tomaria essa proporção que vem tomando ao longo desses três anos e meio. Era algo que queria fazer para ocupar a minha mente, pois o tédio estava se instalando em minha vida depois que me aposentei em razão das crises e surtos que tive na época em que trabalhava como operador de áudio.
   Não sei se é a linguagem simples que uso, ou então a falta de atenção que o pessoal do SUS dá aos portadores e familiares, mas o blog tem um número razoável de visualizações, e nos comentários procuro ajudar as pessoas da melhor maneira possível, pois também sou apenas um portador de esquizofrenia que procura se entender um pouco tentando entender um pouco a patologia da mente dividida. Gostaria de pedir as pessoas que me pedem ajuda por email, que o façam aqui nos comentários do blog. Não precisa se identificar, assim mais pessoas estarão visualizando a situação e a minha tentativa de ajudar em alguma coisa. Às vezes posso demorar para responder, mas no final sempre respondo, pois, como já disse, o que mais está prejudicando no momento são os sintomas negativos da esquizofrenia, que são bem parecidos com os da depressão. 
   Então, como presente, as pessoas que acessarem o blog entre os números 300.000 à 300.020 ganharão uma pequena lembrança: o meu livro em PDF, Mente Dividida. Basta tirar um print do contador que coloquei na parte superior direita da página. Depois, recorte para que o contador fique bem visível e também deixe a mostra a parte debaixo, para que tenho a certeza de que o print foi tirado do blog, como mostra a figura abaixo. É o mínimo que posso fazer por vocês, leitores do blog e que são a razão de até a data de hoje procurando encontrar forças e assuntos para postar, além de procurar ajudar as pessoas nos comentários. Muito obrigado de coração.