quarta-feira, 20 de março de 2013

Caminho do Padre Anchieta: explicação


 Bem, creio que esse deveria ser o primeiro post dessa série sobre o caminho do Padre Anchieta, pois nele farei uma breve explicação sobre esse caminho e sobre os motivos de percorre-lo só agora, aos 44 anos de idade, já que nunca havia feito algo parecido em minha vida antes.
    Esse caminho, que também é conhecido como o caminho de Santiago brasileiro, foi criado por uma ONG chamada Abapa(Associação Brasileira dos Amigos dos Passos de Anchieta). O percurso era feito regularmente pelo Padre Anchieta a pé, nos seus últimos dez anos de vida, pois ele era reitor na antiga Vila de Nossa Senhora da Vitória, mas sua moradia fixa era na vila de Rerigtiba(hoje Anchieta).
    O caminho é cercado por diversas e lindas paisagens, que vão desde praias desertas e povoadas, passando por trilhas, vilarejos e rodovias. O caminho, organizado pela Abapa, é percorrido em quatro dias, e é realizado anualmente. Maiores informação no link no segundo parágrafo.

convento da Penha
   -1ºdia: A caminhada começa realmente em Vila Velha, já que Vitória é uma ilha. A subida para o convento da Penha é longa, mas é bom para irmos pagando um pouco dos nossos pecados. Depois, são percorridos cerca de 25km pelas praias de Vila Velha até o Balneário de Barra de Jucu, ponto da primeira parada.

praia deserta entre Barra do Jucu e Setiba
      - 2 dia: Esse é o dia mais cansativa de todos, pois a maior parte do percurso é realizado em praias, na maioria desertas. É aconselhável que o andarilho saia cedo nesse dia, para não se cansar e ter que passar a noite em uma praia deserta(que, na minha humilde opinião, não é algo tão ruim assim não). São 28km entre Barra do Jucu, em Vila Velha, até Setiba, em Guarapari. É recomendável também que a pessoa, depois que passar pela praia da Ponta da Fruta, leve bastante água e frutas, como banana e maçã, por conter potássio e evitar dores musculares, pois boa parte da caminhada é feita na areia fofa. A segunda parada é em Setiba, cercada de lindas e tranquilas praias.

Guarapari
     -3º dia: Neste dia, são percorridos 24km entre Setiba e Meaipe. A maior parte desse trecho também é feita em praias, só que povoadas, ou seja, o andarilho pode optar por andar na calçada, para não se cansar tanto. Um pequeno trecho é feito em uma trilha cercada por uma densa mata, mas bem sinalizada pela ONG. O final do trecho desse dia é feito em pedras na beira da praia, mas não é perigoso andar por esse trecho, desde que se tome cautela para não pisar em uma pedar escorregadia. É preciso paciência, pois dá para se avistar Guarapari, mas, dando-se a impressão que rapidamente se chegará a cidade, mas, por estar em pedras, não tem como se apressar muito nessa parte do caminho.


     4º dia: São 23km, entre Meaipe até Anchieta, na igreja matriz da cidade. O caminho na etapa final é mais tranquilo. São prais povoadas e algumas desertas, mas sempre dá para se andar na calçada e na rodovia. A parte mais cansativa desse último dia é um trecho da rodovia, antes de Ubu, já que é uma serra e o visual é sempre o mesmo. O final, até Anchieta, é feito em estradas de terra, entre vilas e povoados, o que deixa o percurso mais agradável.

    Essa caminhada geralmente é realizada em grupo, organizada pela ONG Abapa, mas nada impede que a pessoa o faça sozinho, com seu companheiro(a) ou em um pequeno grupo, desde que se tome os devidos cuidados e que vá preparada. E que goste de aventura também.
   Eu, óbviamente, optei por fazer o caminho sozinho. Eu e minha barraca, já que o preço das pousadas não são muito camaradas. A vantagem de se fazer o caminho sozinho são muitas: A pessoa o faz no seu ritmo, em quanto tempo que achar melhor, pode parar em algum lugar que achar interessante, dar um bom mergulho nas belas praias, ou simplesmente parar para meditar e contemplar as paisagens.
    As desvantagens são os perigos de andar sozinho no mundo de hoje, então não acho muito seguro uma mulher fazer esse caminho sozinha. Se precisarem de um guia, é só me avisarem rsrsrsrs
    O motivo que me levou a fazer esse caminho não é religioso, pois, como já disse anteriormente, minha tribo sou eu e não sigo uma religião específica, apesar de respeitar a maioria delas. Acredito em Deus e acho que o ato de caminhar nos eleva espiritualmente. Jesus e seus discípulos caminhavam muito. Os muçulmanos fazem sua caminhada até Meca e creio que vários outros povos façam suas peregrinações.
    Além da parte espiritual, tem a curtição também. Gosto de sair andando por ai, curtindo a natureza, as paisagens, aventura, etc. Fiquei sabendo desse caminho há uns vinte anos atrás, mas nunca tive coragem de fazê-lo. Quando estava surtado, aos 32 anos de idade, pensei nesse caminho, mas, como estava muito longe do trajeto, não o fiz, já que estava na BR 040, que vai para o Rio de Janeiro, já que estava fugindo dos inimigos que estavam em minha mente.
    Enfim, a vida é uma caminhada. É preciso viver, caminhar atrás do que queremos. Sair caminhando por ai não quer dizer necessariamente loucura, pois, se fosse, teriam que construir um mega hospício na Espanha, do tamanho do Maracanã, no mínimo, para internar todo mundo que faz o Caminho de Santiago.

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