segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Nas ruas: 21/02

   
 No zoológico
    Ontem, após cerca de uns 35 anos, volto ao Jardim Zoológico. Não vou negar que me senti como uma criança novamente, fotografando e filmando todos os animais. Uma sensação de liberdade que há muito tempo não sentia, com o sol e o vento batendo em meu rosto. Antes achava bom não querer sair de casa, pois o sol poderia ser prejudicial à saúde, etc. Mas, como viver sem sair de dia?
   Apesar do calor que está fazendo em BH, algo em torno dos 34ºC, andei como há muito tempo não andava. O clima e a qualidade do ar da capital mineira é bem melhor do que de Ipatinga, e isso me faz andar com mais disposição. A sensação é de os 34 graus de Ipatinga fosse mais quente do que os mesmos 34 graus de BH, talvez por não haver tanta brisa na cidade do Vale do aço, por isso que usam atualmente o termo "sensação térmica". A cada dia que passa estou me sentindo mais bem disposto e caminhando cada vez mais, para fazer o caminho do Padre Anchieta sem maiores problemas. Pretendo ir para Vitória no início do mês que vem.
 
Centro de referência para moradores de rua

    Resolvo visitar o centro de referência para moradores de rua aqui em BH. Ao entrar no local tenho uma sensação estranha, deve ser algo parecido como a de alguém que vai preso pela primeira vez. Todas as pessoas se conhecem e sou o novato. Digo isso não baseado em experiência própria, mas por ver os filmes norte americanos onde aparecem os presídios.  Não sei se tem ex presidiários, ladrões, enfim, não tenho muita ideia de quem sejam as pessoas que estejam frequentando o local.  Algumas pessoas, ao me verem, perguntam "quem é esse cara", e a vontade que deu na hora era de responder: "esse cara sou eu" rsrsrsrs.  Muitas pessoas dizem que sou um cara esquisito, que chama a atenção por onde passo, mas faço de tudo para não fazer isso, fico quieto em meu canto e quase não converso com ninguém.
    O cenário no centro de referência é um pouco triste. Pessoas de vários lugares do Brasil, sem uma perspectiva de vida, passam a tarde no local, lavando roupa, jogando dama, vendo televisão ou simplesmente esperando o tempo passar. Os pés secos, corpos esqueléticos, pessoas mal tratadas que ainda conseguem sorrir e brincar, apesar de tudo.
    Um nordestino diz que o "mangueio" na capital mineira não é mais o mesmo. Quando ele retira as moedas do bolso, descubro que manguear é pedir dinheiro para as pessoas nas ruas. Alguns usam o dinheiro para se alimentarem, outros para beberem e outros para usar drogas. Por isso, quando algum morador de rua me pede algum dinheiro, não o faço. Quando tenho algum dinheiro sobrando, se a pessoa diz que está com fome, compro um salgado ou qualquer coisa para ela comer.
    Não tenho a mínima ideia do que os frequentadores pensam sobre quem eu seja. Provavelmente devem pensar que sou um cara "mitido" e mascarado, por não conversar muito. Os guardas municipais que tomam conta do local várias vezes me encaram com desconfiança, mas não chegam a me perguntar nada.
    Resolvo lavar a minha roupa e, por medida de segurança, fico sentado na quadra de futebol, esperando até que elas sequem, pois sei que, se der bobeira elas "vão embora".
O odor não é muito agradável, e tudo fica pior quando um cara resolve tirar suas botas. Ai fico a vontade para soltar os meus gases diários pós almoço.
     Depois que as roupas secam vou embora do local, pois não consigo fazer amizades assim tão facilmente, e, vou para um local mais tranquilo passar o dia, ouvindo música, fazendo planos para as minhas andanças ou simplesmente vendo o tempo passar. Sinceramente estou surpreendido como até hoje não fui importunado por ninguém.
   

2 comentários:

  1. Legal o post.... Até hoje nada aconteceu com voce de ruim durante as noites???? que sorte hein!?

    abraços
    _____Caio Rafael_____

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    1. Até hoje está tudo tranquilo, é que também conhece BH, e sei onde são os lugares perigosos e procuro evitá-los.Só umas duas noites é que fiquei vendo um cara me vigiando, mas, quando fui me aproximar do lugar onde ele estava, vi que não tinha ninguém. Mas me acostumei com esse tipo de visão. Agora depois que for para outras cidades as coisas poderão ser diferentes, por não conhecer a cidade direito, mas confio no meu anjo da guarda, que voltou a trabalhar de novo, depois de um longo periodo inativo. rsrsrsrs

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